D&D: 5 dicas para narradores iniciantes.

Atenção, o ministério da magia adverte: este artigo tem como objetivo ajudar narradores iniciantes em suas aventuras e campanhas, não é nenhum tipo de guia mágico ou definitivo, mas pode te ajudar a iniciar no mundo de fantasia. Este artigo usa como base diversos elementos do jogo Dungeons & Dragons, mas pode ser aplicado a praticamente qualquer sistema ou cenário.

Criar e narrar aventuras de RPG pode parecer muito fácil para mestres experientes, mas pode tirar o sono dos mais jovens, se esse é o seu caso, não se preocupe, isso é normal e estamos aqui para te ajudar. Preparamos 5 tópicos para serem discutidos, e que na opinião da maioria dos narradores, são extremamente vitais para a boa diversão de todos.

Dica número 1: RPG é antes de mais nada, sobre diversão.

Todos sabem que algumas aventuras são memoráveis, onde os heróis vão até o desconhecido e por atos heroicos, salvam o dia, ou sobre quando todos juntos conseguem desvendar um grande mistério ou até mesmo quando o bárbaro do grupo faz algo engraçado, e todos morrem de rir ao lembrar. Em uma seção, é importante todos estarem confortáveis e se divertindo, afinal, um bom ambiente estimula a criatividade e da liberdade para os jogadores se sentirem imersos na narrativa, criando uma história colaborativa, e acredite, isso é incrível! Nós narradores gastamos um bom tempo criando NPCs carismáticos, cenários inesquecíveis e vivos, plots dignos de livros, tudo isso dá uma característica única ao jogo, mas lembre-se, os jogadores são o foco, afinal, sem jogadores, não tem jogo não é mesmo? Dê liberdade aos seus jogadores criarem parte do cenário, aproveite o gancho de personagens, como por exemplo, Tyrius O Ladino, que tem como característica sua incontrolável vontade de roubar talheres, seja criativo, inclua isso em sua narração, pode gerar momentos hilários e até mesmo servir como gancho de aventura, ou como Krystid, a bondosa anã que não resiste a dar moedas a crianças pobres, acredite, essas crianças podem salvar a vida dela um dia. Dar foco aos jogadores é respeitar o tempo que eles gastaram criando seus personagens e histórias, e isso faz TODA a diferença, todo jogador gosta de sentir que é “importante” no cenário, não necessariamente ele se tornando um rei da noite pro dia, mas dando o poder de escolha e o poder de fazer a diferença no jogo.

Dica número 2: Ambiente-se bem.

Um dos problemas mais comuns em narradores iniciantes é definir o cenário do jogo, o que fazer: Usar cenário pronto? Criar o seu próprio mundo? Usar um filme ou serie como referência? Bem, isso é muito relativo, mas a dica aqui é, usar algo que você já conheça ou saiba muito bem, se você é um fã aficionado de J. R. R. Tolkien, e como eu, conhece a Terra Média mais que sua própria cidade, é uma boa opção usar este cenário. O mesmo dispõe de diversos mapas, cidades, monstros e elementos da fantasia clássica. Mas lembre-se o jogo é seu, não tenha medo de mudá-lo, como dito no tópico anterior, priorize a diversão, adicione o que quiser, tavernas, personagens, monstros, tudo que você acredite que seus jogadores irão gostar, crie tramas que se integrem ao cenário. Pense em uma taverna, quase todo jogador gosta de tavernas, mas isso não parece muito vago? Agora pense em uma pequena e aconchegante taverna, feita com grossas toras de carvalho, mal iluminada e com um cheiro de vinho envelhecido, onde todas as tardes, homens suspeitos se reúnem pontualmente no mesmo horário para conversarem, e quem não lembraria do peculiar cabelo multi-colorido do taverneiro? Ou do guarda da taverna que pode lidar com os mais fortes e temidos homens, mas sempre tende a gaguejar na presença de uma mulher? Este cenário hipotético não se parece algo com mais personalidade? Esse tipo de descrição pode deixar a tradicional taverna muito mais interessante, as pessoas se apegam aos detalhes. Sabendo disso, você não precisa criar uma centena de cidades, mas criar uma cidade ou vilarejo com personalidade pode ser o bastante para se passar uma aventura ou mesmo uma campanha.

Dica extra: Se possível prepare imagens, mapas, nomes, NPCs e trilha sonora, a tecnologia hoje ajuda muito a ambientar ou mostrar seu ponto de vista. Sites como Pinterest ajudam a achar imagens para te inspirar e compartilhar com seus jogadores. Sites como Youtube ou programas como Spotfy dispõem playlists variadas que ajudam a dar um toque especial no ambiente.

Dica extra: Se possível prepare imagens, mapas, nomes, NPCs e trilha sonora, a tecnologia hoje ajuda muito a ambientar ou mostrar seu ponto de vista. Sites como Pinterest ajudam a achar imagens para te inspirar e compartilhar com seus jogadores. Sites como Youtube ou programas como Spotfy dispõem playlists variadas que ajudam a dar um toque especial no ambiente.

Dica número 3: Crie o conceito da aventura.

Aqui “o bicho pega”, principalmente se você é iniciante, aqui é o passo mais delicado, pois, construir a morfologia da aventura ou campanha pode ser muito desafiador, como uma receita de bolo, você vai precisar dosar os elementos certos para criar algo concreto, mas o problema é que não existe uma “receita definitiva”, mas isso é bom, pois você pode criar sua própria receita. O primeiro passo é deixar bem claro: “do que se trata essa aventura? O que planejo que ela seja?”, o segredo é seguir a base original no começo, “mas como assim?”. Vamos lá, no caso do nosso querido D&D 5º edição, os alicerces do cenário se baseiam em exploração, interação social e combate (um bom material de apoio é o Livro do Mestre, principalmente o capítulo 3, onde ele explica mais detalhadamente métodos e tipos de narrativa) então podemos afirmar que uma narrativa com esses 3 elementos tende a ser uma boa trama. Então a dica principal aqui é planejamento, para um narrador iniciante, é muito importante se planejar, para poder abrir o leque de ações e decisões aos jogadores, planeje momentos decisivos, como aparição de NPCs, locais de informação e acontecimentos, e forneça gradativamente informações aos jogadores, isso dá um ritmo de progressão ao jogo, fazendo-o ficar mais dinâmico, e consequente irá despertar a curiosidade dos jogadores. A sacada aqui é planejar os momentos para serem descobertos ou “seguidos”, pois você não pode controlar as ações dos jogadores, então é necessário um “jogo de cintura” e aproveitar as oportunidades de colocarem os jogadores na pista certa, como uma ida na taverna pode apresentar o NPC que lhe dará “a quest” (cliché não é mesmo? mas funciona no começo e é quase infalível) pode parecer pouco criativo, mas calma, isso vai se aperfeiçoando com a prática, e boas ideias sempre aparecem na hora. A partir da trama iniciada e os jogadores engajados do objetivo primário, o jogo flui muito melhor, então planeje combates e pistas a ser descobertas e esquemas que te levem a onde você pretende chegar.

Dica extra: Leve em conta a jornada do herói apresentada em O Herói de Mil Faces do autor Joseph Campbell. Na internet é possível achar vídeos e posts falando sobre o assunto, que com certeza você já conhece.

Dica número 4: Lidando com imprevistos.

A dica aqui é breve, porém importante. Com os núcleos planejados (NPCs, locais importantes, combates e descobertas) você precisa despertar todo o “diretor que existe em você”, sempre esteja preparado para uma decisão inusitada que você não estava esperando, isso é normal, e uma das partes mais legais do RPG. Por mais que você planeje, nem tudo pode sair como você quer, mas isso é muito comum, então não se surpreenda, e sim, aceite boas ideias, como por exemplo: no meio da floresta os personagens se deparam com o grupo de orcs furiosos, você levou horas preparando e equilibrando o combate, mas na hora, o guerreiro tenta barganhar a passagem livre com o orc, os argumentos dele são plausíveis? Ele tem bons pontos? Se sim, a situação pode ser resolvida com palavras (e rolagens), e isso é legal, pois da a sensação de vitória aos jogadores. Um embate nem sempre precisa ser resolvido na base da porrada, os bardos já são experts nisso, então caso algo do gênero aconteça, não fique frustrado, pelo combate perdido, fique feliz pelo jogador e dê uma vantagem ou recompensa por boas ideias, isso irá estimular os playes a entrarem mais no papel, e evitar frases muito repetitivas como “eu ataco”.

Dica número 5: A arte do combate.

Nos combates, sempre há um erro que vejo se repetindo, e particularmente incomoda muitas pessoas, combates em excesso, combates são legais? Com absoluta certeza, toda aventura tem que dar um “frio na barriga” ou enfrentar algum desafio que te coloque fora da zona de conforto, porém muitos combates ou combates sem sentido podem deixar as coisas monótonas, ou simplesmente sem sentido, crie por meio do plot um combate que os jogadores se sintam engajados a participar, priorize 1 ou 2 combates bem planejados e integrados na história, do que ficar rolando encontro aleatório em todas as esquinas. Caso você note que o combate não está causando entusiasmo nos jogadores, invista em outras coisas em seguida, seja exploração, interação social ou improvise. Outro fator bem frustrante é tornar o inimigo invulnerável ou invencível, sempre faça um encontro que tenha a possibilidade de ser resolvido, seja com magias, dano, truques ou armas. Ninguém gosta de “perder”, mesmo porque o centro da história são os jogadores não o seu NPC certo? Todo mundo gosta de dragões, mas 5 personagens de nível 1 não teriam (em situações normais) chance de vitória contra um dragão vermelho ancião, ou seja, não mate personagens sem motivo, isso pode frustrar seus jogadores.

Dica extra: Caso tenha problemas em calcular combates, alguns sites na internet como o Kobold Fight Club, ajudam e muito no equilíbrio do jogo. Nos livros Manual do Mestre e Xanathar Guia para todas as coisas, temos tabelas e cálculos para equilibrar combate.

Espero que este artigo tenha sido de alguma maneira proveitoso, e venha te ajudar a ter uma nova experiência no mundo do RPG. Vale ressaltar que esses foram apenas alguns pontos importantes, e ainda há muitos outros pontos igualmente importantes que podemos citar futuramente em outro post.

Agradeço a você que dedicou seu tempo para ler até aqui, desejo muitos sucessos e muitas rolagens!

Crítica, dúvida ou sugestão? Deixe nos comentários!

 

Essa matéria foi escrita por:
José Raimundo

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