Jogos de ficção científica muitas vezes assumem um ponto em comum na história e extrapolam. É muito comum vermos o mundo ocidental no futuro, como Star Trek, Firefly ou o mais recente Perdidos no Espaço, mas nada que desabone estas ficções, claro. Imaginem o que acontece se o ponto que extrapole seja do Oriente Médio.
Coriolis possui uma mistura muito interessante e agradável. Seria como misturar “As 1001 Noites” com ficção cientifica. O cenário é incrivelmente rico e as regras se baseiam em outro RPG, Mutante: Ano Zero, já que é dos mesmos criadores, a Free League.
O jogo se passa em um local chamado o Terceiro Horizonte, onde está é a terceira expansão do espaço que a humanidade colonizou utilizando estranhos portais interestelares deixados por uma raça alienígena que desapareceu. Depois de colonizado e estabelecidos, uma nave colonizadora de uma era pré-portais aparece e decidem colonizar o mundo que fora estabelecido, mesmo tendo habitantes. Eles convertem sua imensa nave colonizadora em uma estação espacial e a chamam de Coriolis.
A tensão entre os habitantes locais (Os Primeiros) e colonizadores (Zênites) aumenta e culmina em uma guerra que acaba por isolar o Terceiro Horizonte da Terra e dos outros Horizontes. O jogo se passa 100 anos após a guerra, com a humanidade explorando os mundos e o espaço no Terceiro Horizonte.
Uma coisa que achei incrivelmente legal é que os jogadores já começam com uma nave espacial, como se fosse um membro da equipe e cada personagem que faz parte da tripulação, tem uma função, seja pilotar, analisar os sensores ou comunicações. E você pode modificar, alterar o tipo da nave e dar o nome dela.
Entre os diversos pontos interessantes é que o jogo é bem sci-fi, ou seja, há tecnologia em todos os lugares e seu acesso varia apenas de acordo com a riqueza dos planetas. Mas há algo que assombra, uma escuridão entre as estrelas, que deseja consumir o Terceiro Horizonte. Há apenas uma religião no jogo que os Zênites e Primeiros compartilham que é o culto aos Ícones.
O jogo precisa de apenas dos dados de seis faces (d6) e você precisa tirar o seis para ter um sucesso. Um seis corresponde a um sucesso e quanto mais tiver isso se torna um sucesso critico. Acredite, mesmo tendo sete ou oito dados, é difícil tirar o seis para seu sucesso. Mas, você pode rolar os dados novamente. É só rezar para os Ícones, as entidades da religião de Coriolis, para jogar novamente os dados. Mas o mestre ganha um “Dark Point”(DP). Este ponto ele pode usar para que algo conspire ou algo afete os jogadores diretamente. Caso você não consiga nenhum sucesso é considerado como uma falha e algo acontece com seu personagem ou grupo.
Algo que não gostei e não usarei nos próximos jogos, é limitar as ações por “tokens” ou fichas aos jogadores. Nas regras, cada jogador possui três fichas de ação. E dependendo da ação, custa zero a três tokens. Eu achei muito limitante e os jogadores sempre me perguntavam o que poderiam fazer, baseado na lista de opções. Próximo jogo será sem tokens e mais baseado nas ações dos jogadores.
Com regras fáceis, o livro dedica sua bela arte a história do universo, as facções, religião e elementos do Terceiro Horizonte. Devo dizer que é muito envolvente e agradável o universo de Coriolis. Deixou-me com vontade de criar uma campanha para este RPG de mesa, que se passa em um mundo de facções em conflito, muita ambientação e mistério.
E lembrem-se de se divertir quando jogam!