Essa frase sempre gerou controvérsia, tanto dentro da indústria como entre os fãs dessa atividade lúdica que tanto jogamos, pois afinal, jogos podem ser considerados arte?

 

No final da década de 80, alguns museus como o Museum of the Moving Image em Nova Iorque expuseram pela primeira vez na história videogames como obras cujo trabalho foram vistos com qualidade equivalente a uma obra de arte, mas a nossa discussão vai muito além da visão tradicional e como uma das formas de artes numeradas tão conhecidas por nós.

Status Legal

 

Começando pela parte mais, burocrática, digamos assim, podemos ver nos casos de legalidade, como se encaixam os jogos atualmente na sociedade. Nos Estados Unidos, desde um caso de março de 1982, foi decidido que os videogames não poderiam ter respaldo nas garantias de liberdade de expressão, que, no caso dos EUA, é baseado no “First Amendment”, a primeira emenda da constituição que dita as leis do território nacional, por ter sido estabelecido que eles não eram mais expressivos do que um jogo de xadrez, pinball ou qualquer tipo de esporte, como futebol ou basquete.

Isso mudou com casos mais polêmicos que surgiram nos anos 2011, a suprema corte dos EUA definiu que assim como livros, peças e filmes, videogames comunicam ideias de forma bem comum entre outros modos literários, como personagens, diálogo, plot e música, assim como por formas exclusivas, como sua interatividade com o mundo que o jogo propõe ao jogador.

Vemos então que, legalmente falando, jogos são comparáveis a livros, peças e filmes, formas de artes tradicionais que são socialmente aceitas com este título, mas aí entramos em outra discussão, dessa vez um pouco mais filosófica: o que é arte?

O que é arte?

Existem N definições de arte em dicionários por aí e, por mais que esse artigo tenha sido iniciado com umas definições mais difíceis, algo vindo de um dicionário aqui não traria exatamente muito valor pra essa discussão.

A conversa sobre a especificação do que é arte mudou muito sobre o tempo, muitas vertentes dizendo que arte é qualquer tipo de expressão, enquanto outras dizendo que a arte tem que servir o ser humano de algum modo, seja ele de entretenimento ou não. Acho que conseguimos concordar que arte, em si, é algo muito dependente do que cada pessoa que está consumindo a aquele conteúdo. Então chegamos a resposta de algo que é relativo e subjetivo, dependendo da base da análise e do leitor, jogos podem ser considerados uma forma de arte.

Como os jogos lidam com isso?

Cada um de nós tem o seu jogo preferido, claro, e esse jogo nem sempre tem que se ligar a arte convencional de qualquer forma. Eu, por exemplo, tenho como jogo favorito Doom, qualquer um deles, pra mim, aquilo é o state of art.

Olha só que belezinha

Mas, de uns tempos pra cá, jogos tem não só sendo feitos com conceitos artísticos em mente, como composição de camera, temperatura de imagem, sincronicidade musical, composição de temas, etc etc, mas também têm sido feitos para expressar uma experiência de um modo diferente, nem sempre óbvio tanto fora dos jogos quanto dentro. Afinal, que é que não se emocionou com Journey, ou viu em Braid uma utilização tão fina das mecânicas que elas, em si, poderiam ser expostas e analisadas em um museu?

Sei nem o que dizer, só sentir

Mas não só os jogos estão sendo feitos com concepções artísticas em mente. Toda uma parte de reviewers e críticos tem levado isso em consideração ao falarem sobre o jogo e explanarem as partes separadas e o conjunto completo de um novo título, tendo assim um grande reflexo em como os consumidores também veem esse produto. O próprio Journey não seria considerado um jogo tão bom sem essa visão e esse valor agregado que uma experiência nova pode ter dentro de uma produção, e ele certamente seria mal visto em tempos antigos caso tivesse sido lançado naquela época.

A verdade é que a visão que temos sobre o entretenimento e, mais diretamente, dos jogos que nós consumimos hoje em dia, muda totalmente em espaços bem curtos de tempo. Não só isso, como podemos ver títulos diferentes e contemporâneos de formas diferentes, só pelo fato de eles serem, bem, diferentes.

Como grande parte da arte, não existe um certo e um errado. Você já está certo gostando do que você gosta e deixando o outro gostar do que ele gosta, sendo arte ou não. A relevância está no que te entretémentretem, nesse caso ;D

Essa matéria foi escrita por:
Gabriel Pelussi

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